Episódios conhecidos pelos médicos nos séculos passados já descreviam em seus conteúdos, vertigens, sudorese, ataques súbitos de ansiedade sufocante e palpitação, geralmente acompanhados por uma necessidade premente de evitar determinadas situações e situações e sentimento de incapacidade.

Naquela época eram comuns, devido à concomitância de tonturas semelhante a vertigens, esses sintomas com freqüência serem atribuídos à disfunção do ouvido (labirintopatia).  Mas Freud já havia descrito que “em casos de agorafobia etc., em geral lembramos de um estado de pânico; e o que os pacientes realmente temem é a repetição de um ataque sob aquelas condições especiais das quais eles acreditam não poder escapar.”

Desta forma o pânico que o indivíduo viveu é uma experiência exclusiva e intransferível.

Descobertas farmacológicas, baseadas na resposta da imipramina, levaram à criação de uma nova categoria ( o transtorno do pânico) e à redefinição do conceito de agorofobia , termo que vem do grego (agora = mercado/fobia = medo) – antes apenas referida apenas como medo de espaços fechados foi ampliado, considerando que é mais bem expressado pela ansiedade do indivíduo de estar em locais ou situações em que teria dificuldade ou embaraço, para escapar.

Existem situações, porém em que a esquiva a certo enfrentamento pode ser explicada por outro transtorno e, nesse caso, atitude deixa de ser considerada agorafóbica.

Na tentativa de esclarecer as definições pensemos que Ataque de Pânico acontece num período que dura em média dez minutos, no qual surge de maneira súbita apreensão intensa, temor ou terror, freqüentemente associado com sentimentos de catástrofe iminente.

É fundamental perceber que durante esses episódios, estão presentes sintomas como falta de ar, dor ou desconforto torácico, “medo de ficar louco”, palpitações ou de perder o controle.

Indivíduos com ataques de pânico inesperados, geralmente descrevem o medo como intenso e costumam dizer que sentem como se estivessem prestes a morrer, perder o controle, ter um ataque cardíaco ou AVC.

Muitos se queixam também de um desejo urgente de fugir de onde quer que o ataque esteja ocorrendo. A falta de ar, o rubor facial também pode aparecer durante o ataque, principalmente naqueles associados a situações relacionadas à ansiedade social e a capacidade de desempenho.

Compreensão necessária:
A ansiedade característica dos indivíduos portadores de ansiedade generalizada difere dos sintomas de pânico, pois nesse último é mais intensa e sua gravidade, geralmente maior, levando a pessoa ao desespero.
Penso ser crucial determinar a circunstância em que o ataque de pânico aconteceu, uma vez que portadores de outras formas de ansiedade como fobia social, fobia específica e estress pós-traumático também podem sofrer ataques de pânico.
Considerando a classificação da Americam Psychiatric Association, de acordo com o contexto o ataque de pânico pode ser analisado em três subtipos:

 A)   Inesperados (não evocados), nos quais o início do episódio não está associado com nenhuma situação específica – como costuma dizer os pacientes – “vêem do nada.”

B)   Ligados a situações específicas (evocados), nos quais o ataque de pânico ocorre logo após a exposição ou antecipação de uma situação específica qualquer. Por exemplo, ver uma cobra no jardim pode desencadear um ataque de pânico imediato.

C)   Predispostos pela situação, que tendem mais a ocorrer na exposição a um agente evocador ou um situação especial e não ocorrem necessariamente após a vivência da situação. Por exemplo, quando o indivíduo está dirigindo. Existem momentos em que a pessoa dirige e nada apresenta, após dirigir durante meia hora, surge o ataque de pânico.

Sinais de alerta:
  • Sudorese
  • Tremores
  • Palpitação ou ritmo cardíaco acelerado
  • Falta de ar ou sufocamento
  • Sensação de asfixia
  • Dor ou desconforto no peito e abdômen
  • Náusea
  • Tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
  • Desrealização (sensação de irrealidade)
  • Despersonalização (distanciamento de si mesmo)
  • Calafrios ou ondas de calor
  • Medo de perder o controle ou “enlouquecer”
É preciso distinguir entre Ataque de Pânico e Transtorno de Pânico (comumente chamado de síndrome de pânico).
Perceba que o Transtorno do Pânico é a presença de ataques de pânico recorrentes e inesperados, seguidos por pelo menos um mês de preocupação persistente acerca de ser vítima de outro ataque. O portador do Transtorno do pânico é dominado de forma duradoura pelo pensamento incessante a respeito das possíveis implicações ou conseqüências dos ataques.
É possível que ataques de pânico possam ocorrer devido a efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, intoxicação com cafeína) ou de uma condição médica, como o hipertireodismo onde existe um mau funcionamento do organismo.
Freqüência e regularidade:
Alguns indivíduos os experimentam com certa regularidade (uma vez por semana, por meses seguidos). Outros citam surtos breves de ataques mais freqüentas (diariamente, por uma semana) ou ainda acometidos menos freqüentes (dois por mês durante muitos anos).
É típico dos pacientes com transtorno de pânico apresentar preocupação a respeito das implicações ou conseqüências dos ataques. Apesar de repetidos exames e garantias médicas, eles podem permanecer temerosos e não se convencer de que não são portadores de uma enfermidade grave (Uma das perguntas mais freqüente que ouvimos em nossos consultórios é “você tem certeza de que não estou com um tumor no cérebro?). Os indivíduos apresentam um quadro emocionalmente fraco.
Metanálise
Estudos multicêntricos da OMS mostram que há forte associação entre depressão e transtorno de pânico. Esses estudos apontam que entre 30% e 60% de pacientes depressivos tem secundariamente transtorno de pânico.
Um dado curioso e dirigido aos especialistas é que cerca de 70% dos pacientes tem suas crises de ataque de pânico no período noturno. Trabalhos de acompanhamento clínico em longo prazo demonstram que pânico  e doença bipolar apresentam associações freqüentes.
A importância da Neurobiologia das crises
Por meio da Neuroimagem, técnica desenvolvida para alta definição e introdução de substâncias químicas durante pesquisas permitiram investigar o Transtorno de Pânico. Os fatos permitiram comparar a atividade cerebral em situações distintas: em repouso e durante o ataque de pânico. Entretanto deparamos com algumas dificuldades como registrar de neuroimagem durante as crises devido ao pavor dos pacientes de permanecer na câmera de análise (PET SCAN).
Entretanto a análise do fluxo sanguíneo revelou assimetria anormal na distribuição de sangue entre os dois hemisférios:
  • Nos portadores de pânico, mostrou-se bastante acentuada no pólo temporal (hipocampo) do hemisfério direito. Tal assimetria estava presente em sete pacientes com pânico e ausente em seis indivíduos normais do grupo de controle. Foi o primeiro relato de um transtorno, até então tido como puramente emocional, associado a uma nítida anormalidade metabólica no cérebro. O aumento do fluxo indica elevado nível de atividade celular na região.
Portanto os melhores resultados são obtidos pela combinação de medicamentos e terapia, uma vez que exista a prevalência de estudar o caso neurobiologicamente, quando então o indivíduo poderá ter um tratamento adequado ao caso apresentado e que deverá ser discutido entre os profissionais envolvidos na área da saúde mental.
Claro está que, ainda são incipientes os resultados obtidos em estudos e experiências, para fundamentar a aplicação clínica do imagenologia como protocolo. Entretanto este conceito é o foco dos pesquisadores e neurocientistas que buscam resultados viáveis para orientar formas de tratamento que mantenham a integridade do diagnóstico e a consciência do tratamento.
Referência e revisão aos artigos publicados na Università di Napole e Universidades Americanas de Nova York e Michigan, 2006/2007